terça-feira, agosto 16

Fago, ou bacteriófago



Com certeza muitos de nós já nos deparamos com esta pequena estrutura quando estudávamos ciências no ensino fundamental ou biologia no ensino médio (e não nego que quando era menor esse vírus me dava medo). É o exemplo mais adotado para ilustrar um vírus e suas funções básicas: encontrar um hospedeiro e multiplicar-se. O Fago, ou Bacteriófago (o nome diz tudo, destruidor de bactérias) é um tipo especial de vírus que necessita encontrar um ser procarionte para reproduzir-se, não atacando células eucariontes.




Se pensarmos desta forma, o Fago é na verdade um vírus benéfico a todos os organismos eucariontes, pois elimina as bactérias potencialmente perigosas e não nos trazem nenhum risco. Mas para as bactérias, o Fago é realmente um grande problema. Eu considero a ação dos Fagos muito interessante, que mesmo sendo vírus possuem mecanismos e sistemas inteligentes para garantir o sucesso em sua multiplicação.

Vírus, como todos sabemos, consistem em material genético em dupla hélice (na maioria dos Fagos, sendo raríssimo a presença de material genético linear), podendo este ser DNA ou RNA. No caso de RNA linear, o Fago é considerado um retrovírus. Este material genético é protegido por meio de uma proteína encapsuladora, que é o verdadeiro corpo do vírus.

O Fago, como já falado, necessita de um organismo procarionte para poder se replicar. Mas, a forma como os mesmos reagem após hospedar-se em uma bactéria define o tipo ciclo viral que possuem. Fagos com ciclo lítico, ao entrar em contato com a bactéria imediatamente já começam a replicar-se e a destruir esta bactéria em pouco tempo, gerando assim rapidamente muitos outros Fagos.

Outro tipo bem peculiar é o Fago com ciclo lisogênico, que ao hospedar-se em uma bactéria não inicia imediatamente a replicação e sim ali se aloja, seja por meio de um plasmídeo independente no citoplasma bacteriano ou integrando o material genético da bactéria. Em outras palavras, ele aloja-se como hospedeiro nas estruturas já existentes da célula e assim monitora por meio de suas proteínas as atividades de seu hospedeiro. Além disso, quando o mesmo assume a forma de plasmídeo, espalha-se facilmente a outras bactérias quando as mesmas realizam o processo de troca de plasmídeos. Quando ele percebe que a bactéria está próxima de sua morte, ele retorna à atividade e inicia a sua replicação e destruição da mesma. 

A diferença básica entre o fago de ciclo lítico e o fago de ciclo lisogênico está na maneira com que ambos replicam-se, sendo o lítico mais rápido e agressivo às bactérias, ao passo que o lisogênico aguarda o momento certo para replicar-se e espalha-se entre bactérias de forma imperceptível e não agressiva.

Fagos são muito importantes na pesquisa e no estudo da Biologia Molecular, pois podem ser utilizados como vetores de inserção de material genético em bactérias, como meios de clonagem ou ainda como alternativa aos antibióticos, pois Fagos destroem bactérias tão bem quanto estes. São vírus simples, que não nos oferecem riscos (como organismos eucariotos) e que são de imensa serventia à ciência, dada a sua capacidade de destruição e de inserção em organismos procariotos.

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